poema 232

sexta-feira, janeiro 19, 2024

revista
não se enxerga
a branquitude
não se enxerga

poema 231

segunda-feira, janeiro 15, 2024

lições de ser

o que
a prende a pedra ensina
aprende apenas para a onda para
apenas prende a onda a pedra a nuvem
pende se aprende o que apenas ensina para a pedra para
a pedra representa para a onda reaprende a nuvem a onda
em si na brisa em si na sina ensina o vento ensina
o tempo destampa o verbo é ser no estar para
a pedra a onda o vento o som a nuvem
o tempo destampado para
aprender a pedra
a linha do horizonte
o céu
aprende a ser
o mar
aprende a ser
céu
a pedra a onda a nuvem o vento o céu o mar o tempo
ser estar ensina aprende
e eu
            ali.

poema 230

quarta-feira, dezembro 13, 2023

Sobre o corpo de um passarinho na calçada

A Morte muda caminha ao nosso lado e canta,
e seus olhos ocos falam como faróis na noite marítima,
e seus ouvidos surdos gritam o choro dos recém-nascidos.

Às vezes, esquecemos de escutar o aviso
de que cada segundo conta
e todos já lhe são entregues.

poema 229

segunda-feira, dezembro 11, 2023

o que mais
poderíamos ter tido?
o que mais
poderíamos ter sido?

além de tudo
aquilo que já nem mais temos
e do que deixamos de ser,

nada.

mas fomos e tivemos.
e isso basta.

poema 228

segunda-feira, setembro 11, 2023

coragem II

velho, entendi que não é sobre não ter medo
ou fingir não ter medo

– vai, filho!
– mas tô com medo…
– vai com medo mesmo!

poema 227

segunda-feira, setembro 11, 2023

coragem I

a coragem das mães que deram à luz
filhos e filhas nos tempos de guerra
e
a coragem das mães que deram à luz
filhas e filhos nestes tempos
de paz

poema 226

segunda-feira, julho 17, 2023

horizonte no ocidente
ori do astro
ascedescendente
que oriente
o que de repente
no levante
só a gente pra gente
se horizonte

poema 225

segunda-feira, fevereiro 27, 2023

nos sonhos, você volta.
de vez em quando.
uma visita inesperada.

de alguma forma, você está sempre
rindo do meu susto
ao acordar de uma nova lembrança do que nunca foi.

então, olhos abertos para a noite,
rio também.

poema 224

quinta-feira, outubro 13, 2022

Sobre O amante

“Muito cedo na minha vida já era tarde demais”
Quase 20 anos depois, essa frase ainda me abraça.
Ainda abraça a criança que eu fui quase 10 anos antes de encontrá-la.

A frase chegou pontualmente.
Eu nunca mais escrevi da mesma forma que escrevia antes.
E toda minha vida foi um depois de ler
essa frase
esse romance.

A frase para mim, o Mekong para ela.
Um rio para ambos.
Atravessamento.

As infâncias fora de lugar
de imigrantes nômades.

Raízes
plantadas no vento e na chuva.

poema 223

sábado, maio 28, 2022

a segurança do museu estava armada