Archive for abril \27\-02:00 2010

poema 037

terça-feira, abril 27, 2010

A casa

Tinha um portão verde
meio enferrujado — podrido.

O corredor curto,
sombreado e espremido,

emparelhava duas portas de madeira,
emperradas e tortas.

As paredes brancas,
caiadas com rachaduras, ondulavam

sob o zinco do telhado
gotejante nas chuvas.

Hoje, habita em mim
a casa
em que primeiro habitei
os sonhos.

ele é foda

terça-feira, abril 13, 2010

Quando eu era moleque, já gostava do Laerte e dos Piratas do Tiête, do Overman, dos Gatos, dos Palhaços e de todos os personagens dele. O traço era simples e bacana, facinho para qualquer um se simpatizar pelo cara. O texto também era bom, humor da melhor qualidade — você lia e já achava engraçado. Mas eu era moleque e que sabe um moleque sobre alguma coisa nesse mundo vasto?

Então, não tendo mais o que fazer, fui crescendo. E as tiras do Laerte, foram mudando. Comecei a notar isso lendo uma sequencia de tiras do Homem-catraca, há uns quatro ou cinco anos. O traço era (e é) o mesmo, mas as tiras não eram mais engraçadas — pelo menos não todas. Às vezes, não tinha nada escrito, às vezes tinha demais, às vezes, onde deveria ter humor, tinha um puto incômodo. Incômodo! É isso, muitas vezes, aqueles três ou quatro quadrinhos publicados pela Folha me causavam um puta incômodo. E isso me atraía ainda mais.

Parecia que, dentro daqueles traços tão simpáticos, ele começava a jogar granadas. É como se ele destruísse o esqueleto da coisa. Mas não com um texto caústico como, por exemplo, o do Dahmer. Às vezes, quando leio uma tirinha do Laerte, o que tenho é um puta sentimento de vazio, do qual se desprende uma tênue sensação de beleza.

Talvez “beleza” não seja a palavra certa. Nem sempre é belo o que eu vejo nas tirinhas dele. Mas com certeza, desde que ele mudou e eu cresci, comecei a vislumbrar qualquer cosia de sublime (sem dúvida, sublime!) em muitas de suas tirinhas.

puta que pariu!

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segunda-feira, abril 12, 2010

falta-me tempo para escrever. mas não dou garantia alguma de que, se tivesse tempo, escreveria mais — diria que escrever melhor seria uma questão impossível em qualquer tempo, mas me cansa a paciência expor uma humildade maquiada. ainda que não me orgulhe em nada, acho mesmo que escrevo melhor com o passar do tempo — desse mesmo que me falta. e talvez seja justamente porque me falta que escrevo assim: cada vez menos, no entanto, melhor. melhor que nada, devo dizer. os critérios para essa classificação qualitativa não chegam a ser duvidosos — são nulos (considerando que sejam). digo “melhor”, sem fazer comparações com quem escreveu antes, que escreverá depois e quem escreve agora. tampouco comparo o que faço com o que foi, será ou é feito por outro. com o tempo que passou e que perdi, perdi também a necessidade de me classificar entre outros enquanto escrevo. acredito que isso foi uma conquista e que a ela devo o melhor que escrevo agora. esse melhor que nada mais é senão uma forma de expor, no pouco tempo que me resta, os pedaços do caos que vou encontrando dia a dia.

poema 036

segunda-feira, abril 12, 2010

meu poema no seu verso:

o nome secreto pelo qual o amor me chama,
vou escrever com meus lábios na sua pele.

poema 035

sexta-feira, abril 9, 2010

Dentro do vaso
         o vazio
  vazava
            nas asas
               do mosquito
            zen