Archive for the ‘pensamentos e ensaios’ Category

“Moby Dick”, de Herman Melville: brevíssima nota

quarta-feira, janeiro 9, 2019

Bush ———– Bin Laden
Ahab ———– Moby Dick

Tava repensando sobre o romance do Melville e a tese do Bruno Gambarotto e tive esse insight aí de cima.

É claro que a relação não é perfeitamente essa de 1 para 1 – principalmente, creio, entre bush/ahab. Uma reflexão mais aprofundada pode mostrar inúmeras diferenças entre uma linha e outra. Mas, mesmo assim, a relação Bin Laden/Moby Dick como um ser que não se deixa subordinar pelo domínio (conceito importante para a análise do Gambarotto) parece bem interessante.

 

breve: Para entender uma fotografia, de John Berger (feat. Juan Gelman)

sexta-feira, novembro 9, 2018

fotografia

Supostamente, trata-se de uma coletânea de ensaios e outros textos do John Berger sobre fotografia. Não posso negar que, de vez em quando, ele até fala sobre fotografias e fotógrafos; mas, pra mim, é um livro sobre o Brasil em 2018. Mesmo os textos de 68 e 69 são espantosamente atuais. É um exercício interessante substituir em alguns casos “fotografia” por “redes sociais”.
O que mais tem me agradado, no entanto, é a sensação de encontrar amigos que até então eu não conhecia. Como bons livros em geral, este tem propiciado bons encontros. Ontem, por exemplo, numa troca de fax de 1998 entre Berger e Martine Franck, encontrei o poeta argentino Juan Gelman:

Os iludidos

a esperança fracassa muitas vezes
a dor, jamais
por isso alguns acreditam
que mais vale a dor conhecida
do que a dor desconhecida
acreditam que a esperança é uma ilusão
são os iludidos pela dor

[Este foi um brevíssimo comentário que escrevi recentemente sobre o livro. Eu pretendo escrever mais alguns apontamentos, em outro post, sobre ele assim que o terminar]

29 10 18

quinta-feira, novembro 8, 2018

A derrota dada alivia.
Assenta a ideia de que ela já era inexorável desde muito antes. O presente é inescapável, mas pleno de possibilidades quanto ao futuro. E o espectro de possibilidades é uma corda tensa esperando um corte – em que ponto será dado o corte? O passado é uma pedra bruta e densa que se pode olhar sob diversos ângulos, mas que continua sendo uma pedra bruta e densa – mesmo que se queira fingir que é um ovo. A derrota, como tudo que foi concretizado, pertence ao passado.
Ela alivia, porque desfaz o embaraço entre a queda e o tombo – a angustiante suspensão em que caímos em câmera lenta, quase perpetuamente.
O baque no chão nos salva, nos redime, nos liberta.
A inesperada sensação de liberdade da derrota. O desfecho das amarradas e o norte que ela nos dá para seguir – “perdi; devo aprender, mudar, melhorar e tentar novamente” – perdurará bem mais que a dor e a vergonha e só começará a diluir lá no futuro, bem perto do próximo salto ou da próxima queda. Mas, até lá, o que temos é a derrota e o sentido que ela nos dá como a pedra do passado que nos aponta o futuro (um troféu às avessas talvez?).
Assim, a derrota acaba tendo uma materialidade que muitas vitórias não têm.

desabafo sobre o grito emudecido, este tempo, o ridículo, o fracasso e, claro, a poesia

quarta-feira, outubro 17, 2018

eu queria muito gritar, mas parece que só consigo fazer poema. não é pra ser engraçado, mas é verdade. escrevi dois poemas de ontem pra hoje. e são até que bons. na minha visão refratada do que eu mesmo escrevo, acho são poemas que facilmente entram num top 10 pessoal meu. acho ridículo essa ideia de top 10, mas sou fruto do meu tempo. e é um tempo bem ridículo…

não. não é um tempo ridículo. não estamos rindo. é uma esperança pensar que olharemos pra trás e nos lembraremos deste tempo como algo ridículo. menos que uma esperança, é quase um delírio. é um tempo de angústia e de câimbra no peito. são dias de dor na alma e sono sem repouso. e o grito é inútil. é emudecido.

invejo são francisco que pregou para os bichos e invejo Camões em seu lamento
“[…]e a voz enrouquecida,
e não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.”

hoje somos coletivamente um fracasso estupendo. como povo, como cultura, como nação. o que nos une é a derrota de um sonho de uma ideia de país, de um solo firme sob nossos pés. o que nos divide é reconhecer ou não que compartilhamos esse fracasso apesar de todas as demais diferenças. a cada um de nós cabe nosso quinhão nesse magnânima derrocada. e dói saber que isso também é culpa minha. que eu falhei desde há muito tempo com o diálogo e com a escuta; falhei comigo e falhei com o outro (seja quem for).

e diante disso tudo, com grito emudecido, esvaziado de potência, sobrou apenas a poesia – esse osso da alma.

escrever o poema 170 trouxe muito alívio para mim. não sou fã da ideia de que os melhores escritos vêm da dor e da melancolia e acho ridículo sim a visão do artista como um ser obrigatoriamente atormentado e sofrido. mas estão aí os poemas os 170 e 171. do fundo do coração, espero que sejam menos um retrato dessa angústia e muito mais a afirmação de uma esperança real que permanece obstinadamente inexpugnável apesar de todos os pesares e apesares.

assim que eu terminei de escrever a primeira versão do 170, me peguei rindo ao lembra de um cartum no qual um rapaz diz “e agora o que faremos” ao que uma moça responde “poesia, esses canalhas não suportam poesia”. até poucos meses, achava esse diálogo pueril e besta como o que se convencionou chamar de “cirandeiros da vila madalena”. talvez, o ridículo em mim, seja minha boia derradeira nesta tempestade.

9 11 16 | 55

quinta-feira, novembro 10, 2016

Ontem foi dia 9 de novembro de 2016. Não foi o que os americanos chamam de nine eleven. Mas, para nós brasileiros, foi sim um 9/11. Só que ninguém morreu. Pelo menos, ainda não. Pelo menos, não pelo que será narrado aqui. Pelo menos, não até esse ponto do que está escrito. Pelo menos, não que eu saiba.

“Donald Trump venceu as eleições” foi a segunda frase que eu disse nesse 9/11 lendo a notícia com o celular na mão. A primeira frase foi algo como “Bernardo, tá na hora”. Ele quase nunca responde à primeira frase, se concentrando apenas em ouvi-la e acordar. Já para a segunda frase, indo para o banheiro, ele disse “Sério? E agora?”. Dei de ombros sem responder (ou talvez já respondendo) porque ainda precisava acordar o irmão dele e preparar as coisas para levá-los a escola.

Agora, enquanto escrevo, me dou conta de que as coisas não se resolvem levando os filhos para a escola.

Digo isso porque a pergunta dele ficou atravessando meu dia como uma azia de algo mal digerido na cabeça. E agora foi que, após deixá-los na escola, vi no meu celular o lamento de diversos amigos postado nas timelines. Até os memes em sua natureza cínica e sarcástica lamentavam aquele fato. E agora foi que na sala de espera do consultório médico o jornal televiso matutino (cujo nome saudava o Brasil) fazia uma ampla cobertura sobre a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos da América. Não vi notícias sobre o trânsito na Marginal Tietê nem a previsão do tempo. E agora foi que, na sala de espera do laboratório onde fui fazer uns exames, o jornal televiso vespertino (que deveria falar sobre aquele hoje) não poderia fazer outra coisa que não fosse continuar falando de Donald Trump, eleito no dia anterior. Nenhuma daquelas pautas amenas sobre a filha de uma dona de casa ou sobre o que fazer/vestir/beber/comer com o tempo louco do verão que viram notícias agradáveis para quem assiste o jornal no meio da tarde esquecer ou suportar seja lá o que for preciso esquecer e suportar. E agora foi que eu não vi o jornal da noite porque não estava em nenhuma sala de espera àquela hora. Mas, enquanto jogava videogame com meus filhos, sabia que em outras TVs o jornal da noite (que é nacional) falava exclusivamente das cores da bandeira estadunidense e do seu novo presidente. E talvez falasse também um pouco do nosso presidente (embora nem todos que conheço sejam tão condescendentes com esse pronome possessivo em relação ao atual presidente do Brasil) — mas só do que dissesse respeito ao que ele tivesse declarado sobre a eleição de Donald J. Trump ao cargo máximo. E agora foi que ao longo de todo o dia, até depois de eu ter dado boa noite para meus filhos, amigos e conhecidos continuavam a se lamentar nas timelines e a compartilhar lamentos de outros amigos e conhecidos de diversas timelines do mundo.

Também pelo espanto e pelo medo no qual parecíamos comungar, mas principalmente pelas telas de TV com a bandeira americana, pelos depoimentos em inglês sobpostos pela tradução in off do repórter brasileiro, pelas análise detalhadas, pela euforia jornalística que falava muito e não dizia quase nada, esse 9/11 me lembrou muito aquele outro de quando eu ainda era o filho que ia para a escola. Só que ninguém morreu.

Ainda.

Que eu saiba.

“O Senado aprovou a PEC 55” foi uma das últimas frases que eu disse nesse 9/11 lendo a notícia que brotou num vão entre um meme e uma análise sobre a coroação de Donald Trump. Sabrina já estava me esperando na cama. Ela disse “O quê?” porque não escutou direito e eu falei “Aquela PEC que era 241 na Câmara e virou 55 no Senado”. Até semana passada, as timelines falavam muito dela. As timelines tinham que falar dela. Estudantes brasileiros poucos anos ou meses mais velhos que Bernardo tinham ocupado mais de mil escolas públicas em manifestação contrária a essa PEC. Talvez os jornais televisivos diriam que os estudantes invadiram as escolas, se os jornais dissessem alguma coisas sobre esses estudantes e suas escolas (e o outro pronome possessivo não seria nenhuma condescendência nesse caso). Mas, antes de 9/11, os jornais falavam do trânsito na Marginal Tietê, da filha de uma dona de casa e de uma ou outra coisa que o atual presidente do Brasil fez.

A última coisa que eu fiz antes de deitar foi a seguinte anotação na agenda do celular:

“10/11 Ideia de conto
Dia da eleição de Trump me lembrou a morte de Sadam Hussein. O vídeo gravado e posto no Internet. Eu tava na casa do meu avô. A outra família dele. Os lados de lá e os de cá. A PEC 241/55 foi aprovada no dia em que todos falavam da eleição de Trump. Escrever é escolher. Escolher é matar as possibilidades infinitas. O que deixamos de falar quando resolvemos falar algo?”

sobre ter parado de escrever

terça-feira, setembro 15, 2015

não sei porque eu parei de escrever.

essas são as primeiras palavras que eu me proponho de fato a escrever em muitos meses. não que eu tenha passado esse tempo sem querer escrever. eu quis. vim aqui diversas vezes e me assentei diante do branco da tela e nada aconteceu. não houve aquele estalo e as palavras, sem meu fôlego para prossegui-las, logo desmoronavam sobre si. depois de um tempo cansei. apenas aceitei o fato de havia parado de escrever. sendo que esse fato, a gente não aceita nunca.

desde então e até 10 minutos atrás quando comecei a escrever este texto, tendo parado para atender duas ligações, e mesmo agora eu continuo sem entender como ou por que isso aconteceu.

dirão, talvez, que há poemas recentes. um de setembro, dois de julho. não me engano. são textos escritos há muito tempo e guardados na gaveta. não os escrevi nesse período de seca. apenas desentulhei uma ou outra coisa de cima deles e fiquei com o que havia sobrado. verdade seja dita que isso que acabo de escrever resume boa parte do processo de escrita de muitos outros textos meus. no entanto, há muito tempo que não escrevo de nada de verdade. nem mesmo para que haja o que desentulhar depois. eu parei de escrever há alguns meses e não sei o por quê.

não estou vivendo em crise. cheguei aos 30, sinto-me bem com minha vida e minhas escolhas. as finanças estão uma lástima, mas já estiveram bem pior e eu não me sinto perdido. finalmente, minha vida é aquilo que eu quis que ela fosse. o casamento vai bem, os filhos também. o emprego às vezes é chato, mas, no geral, é de bom para ótimo. não estou satisfeito com tudo, é claro. preciso estudar, mudar algumas coisas, melhorar outras… continuar vivo enfim.

meu problema é que não escrevo e não vejo em nada disso que acabei de listar alguma justificativa para não escrever. minha crise é não escrever. então, escrevo.

Homofobiafobia?

segunda-feira, fevereiro 3, 2014

“Homofobia” é um palavra com um efeito bem interessante. Primeiro, ela apaga todas as demais palavras do texto do qual ela venha a se encontrar. Depois, ela dispara um sirene de emergência. Em seguida, ela é prontamente desligada a paus, pedras e (por que não?) lâmpadas fluorescentes pela turba de pessoas que acredita que isso é exagero — diriam até que é frescura de bichinha; mas isso seria homofóbico.

Uma agressão homofóbica, então, é menos agressiva, já que homofobia não existe (para alguns, injustiça social e racismo também não, mas estou digredindo…). Da mesma forma, nas notícias sobre um caso de violência homofóbica, a violência chama menos atenção do que aquela “homofobia” exageradamente impressa no papel, na tela ou na voz jornalística. Diante dessa palavra, pensam os indignados: “Por que isso?! Violência é violência! Esses viado querem se aparecer! Não veem que qualquer um pode apanhar na rua: preto, pobre, viado… qualquer um!”.

Eu até consigo visualizar dois cenários nos quais esse indignado ou defende que não havia esse chilique de homofobia nem tanta violência nos tempos do governo militar ou defende que somos tão democráticos e igualitários que esses dias mesmo, inclusive, comemoramos o primeiro beijo gay numa novela das 8. “Uma vitória da democracia!”

confissão de um cara normal

quinta-feira, janeiro 16, 2014

eu podia ficar quieto. de muitas maneiras, o caso não me diz respeito. sou homem, branco e até hétero. por isso, para alguns, aparentemente eu não sou um aberrante, bizarro e aterrador outro que deve ser silenciado, isolado e aniquilado. sou homem, hétero e até branco. por tais características, permitem-me, no geral, o mais fundamental dos direitos que um humano pode ter: posso ser. e, sendo assim, rarissimamente sou questionado por ser o que sou. perante alguns outros homens, brancos e héteros, jamais tive que justificar minha existência, pois aparentemente eu não era um outro que deveria ser consertado, torturado e descartado; eu era apenas mais um como eles. sou branco, hétero e até homem. eu podia ficar quieto.

mas, diante de uma notícia compartilhada por amigos, a consciência me incomoda porque eu sei que o acaso me conferiu 3 características pelas quais eu não tenho mérito algum. porque eu sei que para que eu fosse o que sou foi preciso que um bisavô judeu fugisse com esposa e filhos de uma Alemanha que não tolerava o outro. foi preciso também duas avós e uma mãe solteiras criando seus filhos numa sociedade que dizia veladamente que elas estavam erradas, que elas deveriam ser de (pertencer a) um homem hétero e, preferencialmente, branco. foi preciso isso e muito mais para que eu existisse.

graças a muitos acasos dos quais não sou culpado, o primeiro e mais inconsciente rótulo que me dão é “um cara normal”. graça a isso, posso andar nas ruas da cidade e não me perseguem. e não me param em blitz. e não me batem. e não me pedem os documentos. e não me arrancam os dentes. e não me fecham as portas. e não me marcam o corpo. e não me vendem. e não me matam.

não me matam e me deixam ser o que sou. e eu podia ficar quieto.

quarta-feira, setembro 11, 2013

Às vezes, querer escrever um poema é não escrevê-lo.

Ocorreu-me agora essa ideia e eu não sei ao certo o que isso quer dizer. Faz tempo que deixei de acreditar no gênio puro, no dom. Há muito pouco de inspiração que sustente um poema. E não há talento que não seja fruto de muito trabalho.

A Poesia é ardilosa e exige artimanhas daqueles que se dispõe a segui-la. De mim, ela exige um constante auto-questionamento. Frequentemente, preciso desaprender a escrever e até mesmo a pensar. Ordenar o caos com palavras requer a lógica de ordenar as palavras com caos. E vice-versa. E versa-verso. Eis o verso.

Por mais que aparente, ele não acontece de repente. A ocorrência de um verso – de cada verso na construção de um poema – requer uma relação tensa entre os aspectos ativo e passivo do ser. É preciso procurar ativamente a Poesia em tudo o que há e mesmo nas coisas que não existem ao nosso redor. Ao mesmo tempo, é preciso deixar passivamente que ela aconteça ou que ela nos encontre. Entre uma coisa e outra, eu diria que é ao buscar que somos encontrados. Mas nem sempre ou quase nunca a Poesia me encontra onde eu a procuro. (É um fato que ela não me encontra se eu não a procurar). Por isso, talvez, querer escrever um poema, às vezes, seja não escrevê-lo. Às vezes, isso é um tanto frustrante. Mas, geralmente, a persistência tanto na busca como na espera me mostra que eu preciso abandonar minhas atuais ferramentas e criar novas ou recuperar velhas ou recuperar novas e criar velhas…

Resta ainda observar que muito embora, na minha concepção das coisas, a Poesia não seja escrita (porque ela é anterior ao poema), não acho que o melhor poema seja aquele que não se escreve (outra ideia que, como a do gênio puro, abandonei há tempos), pelo óbvio motivo de que o poema que não se escreve não é poema.

Disso tudo, a conclusão a que o mote deste post me leva é que a divisão ativo/passivo no trabalho de conceber o poema não é igualitária. Ainda que a procura seja essencial, o maior esforço reside na espera da Poesia (porque, mesmo enquanto a busco, não deixo de estar esperando por ela), na gestação do poema. (Poeta é um ser grávido de palavras). Não basta querer escrever o poema, é preciso (saber) esperá-lo.

A galeria dos sonhos esquecidos

segunda-feira, setembro 9, 2013

Comecei a escrever uma crônica aqui há alguns meses sobre uma galeria de antiquários que encontrei no centro da cidade. Apaguei esse texto para ficar apenas com o título. Gosto desse título e gostaria de dar a ele um texto mais digno. Mas não posso. Não consigo.
Vou publicar este texto no lugar da ex-crônica porque preciso publicar alguma coisa. Preciso publicar pelo menos este título. Porque pode ser que um dia eu me lembre de como se faz isso direito — escrever. Uma vez eu confabulei (não sei se essa é a palavra) o ar em palavras e, dos sentidos delas, fiz outros sentidos — diversos, adversos, inversos; mas eram meus sentidos.
Hoje, não estou mais fazendo sentido. Estou querendo – já desesperadamente — fazer qualquer sentido. Mas é como se tudo estivesse repleto de uma absoluta concretude. Todo sentido é uma imensa pedra que não se pode remover ou lapidar.
As palavras estão duras como se fossem cadáveres de ideias engessadas.
Faz-me falta um pouco de vazio.